Tailândia com uma criança
Resolvi começar os post sobre a nossa viagem à Tailândia com um apanhado geral da nossa experiência mostrando como foi viajar pela Tailândia com uma criança pequena ( 3 anos ).
Quando optámos por viajar para a Ásia temos que ir preparados ou mentalizados que vamos para uma realidade diferente do "mundo Ocidental".
Nós gostamos de explorar novos lugares e culturas. Quando viajamos, tentamos sempre vivenciar ao máximo a realidade dos países e não é por viajarmos agora com uma criança/bébé que isso mudou. Para nós, viajar com o Rafael não trouxe limitações mas sim tornou as nossas viagens ainda mais especiais.
Na Tailândia não foi diferente, tentámos explorar e viver aquele país ao máximo, comemos pratos típicos, fomos aos mercados, comemos street food, provámos frutas e vegetais que nunca tínhamos sequer ouvido falar, andámos de transportes públicos junto com os locais, conhecemos novas pessoas, novas culturas e tradições. Partilhámos um bungalow com um morcego, tomámos banho de água fria, alimentámos e demos banho a elefantes, estivemos vezes sem conta com macacos, andámos horas e horas de barco, nadamos com o plâncton, fomos abençoados por um monge, nadamos num mar que mais parecia uma piscina de água quente, vimos e nadamos com muitos peixinhos inclusive tubarões, dormimos num comboio, entre muitas outras coisas que vivemos e tudo isto com um menino de 3 anos.
Viajar com crianças não tem que ser limitativo, claro que existem cuidados a ter em conta mas com calma, paciência e uma mente aberta e descontraída tudo e possível.
Alimentação e produtos de bebé/criança
Existem vários supermercados e lojas da cadeia "7-ELEVEN" espalhadas pelas várias cidades, onde podem encontrar fraldas, toalhetes, leites, papas, iogurtes, etc, praticamente tudo o que precisa para os mais pequenos e de marcas ocidentais.
Uma coisa que não pode faltar ao Rafael é o leitinho, mas não gosta de leites vegetais, por percaução levámos leite em pó para o caso de não haver, mas nunca tivemos problemas. Só usamos o leite em pó na China (as nossas escalas foram sempre na China) porque lá (nos aeroportos) encontrar leite de origem animal é muito difícil, e em alguns tours que fizemos, que por estar muito calor não quisemos levar pacotes de leite para não correr o risco de azedar. Mas nos tours de barco pedimos sempre para eles guardarem o leite nas arcas térmicas junto com as águas e frutas e nunca tivemos problemas.
Relativamente à alimentação no geral, o que para muitos pais é um grande problema, foi mais tranquilo do que estávamos a pensar. O Rafael, está com 3 anos, come de tudo e nunca estranhou a comida. Ouvimos muitos relatos a falar de comidas picantes e que mesmo quando pediam sem picante vinha sempre picante, mas a nossa realidade foi outra. Quer fosse em restaurantes ou street food sempre que pedíamos sem picante para o Rafael, a comida vinha realmente sem picante.
O Rafael para além de comer de tudo, adora legumes e frutas e isso ajuda bastante, especialmente na Tailândia porque todos os pratos têm vegetais e existem bancas com frutas em cada esquina.
O Rafael nesta viagem, fez várias descobertas, uma delas foi sem dúvida gastronómica, novos temperos, novas frutas, novos ingredientes ... vou ter de passar a incluir tofu nas ementas cá de casa.
Explorar as cidades
Como íamos viajar por várias cidades e lemos que nem sempre era prático andar com o carrinho de bebé, optámos por levar a nossa mochila Littlelife Ultralight Convertible para as alturas em que ele estivesse mais cansadito ou para quando quisesse fazer uma soneca.
É muito fácil explorar as cidades tailandesas a pé, e para nós é a sem dúvida a melhor forma de as conhecer, por isso é muito importante, caso viaje com uma criança pequena, pensar numa alternativa para quando o cansaço ou o sono chegar. Levar um carrinho de bebé não é impossível, mas no meio de mercados ou de ruas muito movimentadas pode ser mais complicado, para além da criança ir num nível mais baixo e não conseguir ver o que se passa ao redor dela.
Esta será a última ou das últimas viagens que faremos com esta mochila, ela tem a capacidade de suportar no máximo 15 kg e o peso do Rafael já está proximo desse limite. Teremos que depois procurar outras alternativas, mas até agora esta mochila tem sido uma grande aliada e já nos facilitou a vida em vários países.
Era engraçada a reação dos locais ao verem o Rafael na mochila.
Mas não se preocupe porque caso não seja muito adepto de caminhadas existem sempre Tuk Tuk ou táxis disponíveis para fazer um passeio pelos principais pontos das cidades. É um serviço turístico por isso o preço também é "bem turístico", mas se tiver boas capacidades de negociar pode arranjar um bom negocio.
Caso não queira negociar, existe uma aplicação que podem usar em Bangkok que e a TUK TUK Hop onde paga uma taxa diária que varia consoante o número de pessoas que vão usar o Tuk Tuk e das 8h30 até as 18h pode, através da aplicação, chamar o tuk tuk para os levar de um ponto ao outro as vezes que quiser.
Transportes
Cadeirinha de bebés, assentos elevatórios de crianças.... esqueça isso durante as suas férias na Tailândia. No máximo vai ter cintos de segurança nos táxis e carrinhas. Mas a verdade é que nunca senti medo em andar com o Rafael nos transportes e nos 20 dias que tivemos na Tailândia nunca vimos um acidente, embora o transito lá seja um autêntico caos.
Quem é mãe de um rapaz sabe que um dos fascínio dos meninos são os transportes, a esse nível estas ferias foram incríveis para o Rafael, pois todos os dias andava em mais do que um meio de transporte diferente.
Andar de Tuk Tuk faz parte daquelas coisas que todos devemos fazer na Tailândia, sabemos que actualmente é mais turístico do que realmente um meio de transporte local, mas a alegria do Rafael ao andar de Tuk Tuk compensou tudo, ainda hoje nos pergunta se vai andar de Tuk Tuk.
Os táxis também são uma boa opção especialmente para quem viaja com crianças por ser mais prático e confortável, mas deve ter atenção e pedir para ligar o taxímetro. Muitos foram os taxistas que se recusaram a ligar e quiseram negociar os valores previamente, mas normalmente essa opção sai sempre mais cara. Muitas vezes simulávamos o valor na aplicação da Grab e víamos se o valor que os táxis nos indicavam estava de acordo e assim decidimos, mas com o taximetro compensou sempre.
Grab é a Uber asiática, funciona exactamente como a Uber, tem a opção de pagar diretamente no cartão de débito ou crédito ou efetuar o pagamento em numerário (as portagens não estão incluídas e têm que ser pagas diretamente aos taxistas).
Outro meio de transporte bem mais local mas que gostámos muito, são as Songthaews que são são uma espécie de carrinhas de caixa aberta adaptadas com bancos corridos e uma cobertura para proteger do sol/chuva. São muito económicas e ai vai ter a oportunidade de estar com os locais. Quando dizemos o local para onde queremos ir o motorista indica logo o valor por pessoa, o Rafael nessas carrinhas nunca pagou.
Numa das viagens que fizemos estava na carrinha um monge e por isso as mulheres que viajavam tiveram que se sentar no lado oposto ao que o monge estava e nem de frente dele podiam estar.
Nesta fotografia estamos com a Marta e o Ricardo "Bagagem" do Blog Se pudesse também ia que conhecemos em Bangkok, são um casal fantástico que largou tudo em Portugal e anda a viajar pelo mundo.
Outro transporte muito usado são as Mini Van, umas carrinhas de 12 lugares que fazem viagens entre cidades. São económicas, confortáveis e com uma decoração inconfundível. Os tailandeses são os reis do tunning.
Nessas carrinhas as crianças pequenas (se forem ao colo) não pagam, mas se optarem por pagar o lugar da criança, uma dica que vos deixo é guardarem sempre os bilhetes. Uma vez queriam que o Rafael fosse ao colo a meio da viagem, porque queriam colocar mais pessoas na carrinha, mas nós tínhamos pago o lugar dele e tivemos que mostrar o bilhete e só assim o assunto ficou resolvido. Os bilhetes podem ser comprados localmente, mas nós optámos por fazer sempre a compra pelo site https://12go.asia/en. Os valores são iguais aos valores pagos localmente e assim asseguramos lugares nas horas que queríamos.
Tours
A Tailândia está preparadissima para receber os turistas, como tal, não faltam tours, com tempo e dinheiro conseguirá fazer de tudo por lá.
Mais uma vez quando viajamos com crianças temos que ter atenção se os tours permitem crianças, se vão ser interessantes para as crianças, no caso de haver longas caminhadas se elas aguentam, se há perigos para elas etc. Mas existem tantas opções de tours que garantidamente vai encontrar um que se adapte à sua família.
Nós fizemos vários tours com o Rafael e nunca tivemos problemas e divertimo-nos muito. Só tivemos pena de ele ser sempre a única criança nos tours que fizemos, ainda notámos que existe algum "medo" dos pais em fazer tours com os mais pequenos.
Nós já sabemos como o Rafael é e como se comporta, mas era engraçado ver que no início as pessoas olhavam para nós e deviam pensar .... Oh meu Deus vamos passar o dia com birras e choro de criança... mas no final o Rafael virava a mascote do grupo.
Todos ficavam admirados por ele não enjoar ao andar um dia inteiro de longtail (barco), de carrinha, camioneta etc, não fazer birras, não chorar, não ter medo e alinhar em todas as actividades, comer de tudo, mas principalmente da sua alegria, boa disposição e da sua facilidade de socialização.
Relativamente ao preço dos tours, deve sempre ver em mais do que um local, e negociar sempre os valores. Nós sem grande esforço conseguimos sempre baixar o preço dos nossos bilhetes e que o bilhete do Rafael fosse gratuito.
Os tours normalmente incluem bebidas e comida, nós no entanto levávamos sempre o leitinho dele (como vos disse ...não pode faltar), e umas bolachas para o caso de ele ter fome durante as viagens, mas nunca foi necessário.
Cuidados a ter
Nós temos um seguro de viagem com uma excelente cobertura que para além de abranger problemas que possam ocorrer na viagem cobre também problemas de saúde. Mas antes da viagem fomos à consulta do viajante, como vivemos no UK o procedimento pode ser diferente do de Portugal, mas foi-nos sugerido (inclusive ao Rafael) tomar algumas vacinas, como para a Hepatite A e B e para a Tifóide. Relativamente à Malária não foi necessário pois não iríamos estar em zonas de risco e daqui a 6 meses iremos fazer um reforço das mesmas.
Para além das vacinas, fiz uma mini farmácia para levar na viagem com alguns produtos básicos:
- Analgésico
- Antidiarreico e normalizadores da flora intestinal e estômago
- Anti-histamínicos e anti-alérgicos
- Pomada desinfectante e cicatrizante para curar pequenos cortes.
- Pensos rápidos, fita adesiva, ligaduras e compressas esterilizadas.
- Termómetro
- Gel antisséptico e toalhetes (a 60%) para lavar mãos e feridas
- Pomada para queimaduras solares
- Gel para picadas de insetos e alergias de pele
- Repelente
No dia a dia na Tailândia é essencial, principalmente para os mais novos, o uso de chapéu/boné, de repelente e de protector solar. Nós optámos por ir em Janeiro por já ser época seca (logo menos probabilidade de chuvas) mas ao mesmo tempo com temperaturas e humidade aceitáveis e suportáveis para o Rafael (as temperaturas rondaram sempre os 30º)
Na zona de praia o Rafael para além de boné e protector solar andava sempre com uma t-shirt de proteção UV 50+.
Depois são aos cuidados normais, beber sempre água engarrafada e lavar as frutas antes de comer. Mas não se preocupe demasiado, Tailândia não é o fim do mundo, existem várias farmácias e clínicas em todas as cidades caso necessite.
Um cuidado que deve ter especialmente com as crianças, são os Macacos, já tínhamos lido sobre isso mas lá pudemos ver bem de perto que eles não reagem bem ao ver crianças pequenas. Em Railay até foi tranquilo porque os macacos de lá já pareciam domesticados, andavam no meio dos turistas a tentar roubar comida mas não atacavam, mas na praia dos macacos foi diferente, mal pisei a areia da praia e pousei o Rafael os macacos fixaram o olhar nada amigável nele, houve um que inclusivé vinha directo a ele com "ar de poucos amigos", a solucão não é fugir ou gritar porque isso irá assustá-los ainda mais, basta tranquilamente pegar na criança ao colo e tudo fica tranquilo.
Reação dos asiáticos
O Rafael é um menino que normalmente cativa as atenções, não só por ser lindo (mãe babada a falar) mas principalmente porque é muito sociável e bem disposto, já tínhamos estado em vários países onde ele tinha chamado a atenção dos locais, mas nada como na Tailândia.
Mal chegamos à Tailândia, ainda dentro do aeroporto tivemos asiáticos que vieram ter com o Rafael, para o cumprimentar e claro tirar fotografias... achamos engraçado mas nada nos fazia prever o que iríamos viver nos próximos dias... uma verdadeira loucura!
Perdi a conta a quantas fotografias tiraram com o Rafael, quantos olás e beijinhos ele deu e disse, a quantos doces, frutas e bolachas ele recebeu de oferta, houve várias situações em que era ridículo a atenção que ele despertava. Imaginem estarem num templo e em vez de tirarem fotografias ao BUDA vinham tirar fotos com o Rafael, estar na Tribo das mulheres girafas e pegarem literalmente no meu filho e sentarem-no ao lado das meninas da tribo para tirarem fotografias aos dois ou até mesmo uma senhora tailandesa que estava grávida pedir para o Rafael lhe fazer festas na barriga como se ele lhe fosse dar sorte ou algo do género.
Eles adoram bebés e crianças pequenas ocidentais, são vistos como icons de beleza, e se forem loirinhos, clarinhos e de olhos azuis leva-os à loucura!
Por isso se viajarem com crianças pequenas prepararem-se pois durante o vosso tempo na Tailândia vão poder sentir que vivem com uma estrela pop mundial.
E não esperem que lhe peçam para tirar fotografias, eles simplesmente aproximam-se, agarram e tirar fotos. Pode à primeira vista parecer evasivo ou abusivo mas confesso que nunca levei a mal ou me senti desconfortável com a situação e o Rafael também não estranhava e já dizia "cheese" mal alguém se aproximava para tirar uma fotografia.
A Tailândia é um país maravilhoso e viajar para lá com os mais pequenos só irá tornar a sua viagem ainda mais especial.
Boa viagem!